24.03 SEMBACOARA, NOVO CD DO SAMBISTA TEROCA
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Terceiro álbum do compositor foi todo gravado em Araraquara, no interior paulista, e uma das faixas homenageia o grande mestre da Portela, Monarco. foto: divulgação
Sembacoara, o título, é a junção de ‘semba’, que significa ‘samba’ no idioma banto, com ‘coara’, ‘morada’ em tupi-guarani. Nessa ‘morada do samba’, Teroca coloca suas preocupações e angústias pela depredação da natureza, sobre o poder do dinheiro, o poder que corrompe e destrói. (mais abaixo)
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Por exemplo, Perdão, consciência é um samba de terreiro que fala da natureza e sua destruição. Banquete, uma ‘toada-samba’, faz menção à situação da África ‘neo-escravizada pelo capitalismo galopante globalizado’ nas palavras de Teroca. A faixa-título é uma espécie de samba-de-enredo, em que o compositor homenageia sua cidade natal Araraquara, no interior paulista, e seus diversos artistas, não só os da música, que também batalham por essas causas.
Sembacoara também tem seu momento de relax e paixão. Declaração, é, como o título diz, uma ode ao ser amado: “Nem o melhor compasso... Nem com a régua tê/ Vou conseguir no traço... reproduzir você/ Nem o maior poema... Pode lhe descrever”. Na faixa Dignidade Teroca homenageia o compositor carioca Monarco, uma das lendas vivas do samba, hoje com seus 80 anos. E explica essa admiração e paixão: “Monarco é meu grande professor, sem ele ter percebido, em poucos minutos, me deu a mais completa ‘aula’ de como compor um samba. Em 1998, fui assistir ao show Noel sobe o morro, do qual Monarco participava, em S. Paulo, no Sesc Ipiranga. No meio do papo, ele disse, mais ou menos assim: ‘Samba não tem segredo. Depois que a inspiração bate, é só ouvir o coração e vestir as letras com ‘malandragem’, escolhendo acordes, às vezes, não convencionais naquela sequência harmônica, desviando a melodia e criando um caminho novo para fechar a música’. Sigo esse conselho até hoje, faz todo o sentido.”
Teroca, Marcelo Longo Vidal, recebeu esse apelido na época em que era jogador de futebol. Além de compositor é engenheiro civil e pós-graduado em Planejamento Turístico. É um ativista do samba em Araraquara, onde, além de tocar, apresenta, há mais de 15 anos, programas de rádio. O atual é Do Quintal ao Municipal na rádio Uniara FM, que prioriza o samba de raiz e o chorinho. Também foi fundador, em 1996, do Clube do Samba da cidade, que reunia pessoas emrodas de samba nas calçadas, além de trocade informações e empréstimo de CDs e LPs. De sua discografia constam os discos Com todo respeito, gravado como o Quinteto em Branco e Preto (2003) e Elos do samba (2011), que tem participações de Fabiana Cozza, Monarco, Dona Inah e Délcio Carvalho.
Participam os músicos Luiz Rollo (cavaquinho), Frankinho (violão), Pitoco (tamborim), Pipo (cuiíca), Vlad (surdo), além das vocalista Kika, Mônica e Lu. Todos integrantes da cena musical da região de Araraquara. Completam o álbum as músicas Abraço Amigo, Para fugir da solidão, Negro Terno de Linho, Ordem Unida Mundial, Entre risos e choros, dentre outras. Para comprar o CD, visite http://teroca.com.br/loja/
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